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Biotech Heights: uma colaboração entre a Tetra Pak e a Universidade de Lund


Crónica do Investigador | A Joana Campos começou o cargo de Senior Bioprocess Engineer na Tetra Pak recentemente e está a terminar o Doutoramento em Engenharia Química na Universidade de Lund. Ela é parte integrante desta nova ponte entre Academia e Indústria, com experiência em bioreatores, fermentação, bioplásticos e microalgas. A Joana é também a Vice-Presidente da SPOT Nordic e reside em Malmö, a curta distância entre Copenhaga (Dinamarca) e Lund (Suécia).


A Tetra Pak e a Universidade de Lund juntaram-se para criar o centro de investigação Biotech Heights, nas áreas de alimentos e materiais.


Desde a sua fundacão em 1952, em Lund (Suécia), a Tetra Pak tem como principal área de negócio as embalagens para alimentos. Com o crescimento da empresa, associou ao seu portfólio toda a maquinaria necessária para a esterilização e embalagem de produtos alimentícios, de acordo com o lema da empresa: Protege o que é bom (alimentos, pessoas, e o mundo).


Nos últimos anos, a Tetra Pak decidiu dar mais um passo na sua estratégia de sustentabilidade e promover a biotecnologia como futuro sustentável para a produção de alimentos e biomateriais. A proximidade física com a Universidade de Lund e os longos anos de colaboração entre as duas entidades facilitaram o arranque deste centro de investigação.


Ainda é cedo para saber que inovações sairão desta parceria, mas algumas áreas óbvias serão a incorporação de bioplásticos no espólio de embalagens da Tetra Pak, a produção de ingredientes alimentares através de fermentação, e a produção de substitutos de carne, muito em voga entre a comunidade vegetariana e vegan.


Como todas as grandes inovações, estes são temas que dividem o público. Sabemos que temos de limitar o uso de plásticos, principalmente aqueles que são produzidos com petróleo. Sabemos que temos de separar e reutilizar os materiais para podermos ter uma reciclagem mais efetiva e diminuir a poluição. No entanto, não queremos adaptar as nossas expectativas relativamente à durabilidade do plástico da nossa esferográfica ou da embalagem de iogurte. Relativamente à utilização de bioplástico nas embalagens Tetra Pak, não se sabe ainda como é que os alimentos poderão interagir com o (bio)plástico necessário para revestir o cartão das embalagens, e de que maneira é que estes novos materiais irão alterar a validade e a robustez das embalagens. Esta é, sem dúvida, uma área estratégica para a Tetra Pak como exemplo de empresa sustentável.




Olhando também para os alimentos em si, o aumento da população mundial obrigar-nos-á a adotar novos hábitos de alimentação. Além da necessidade de produzir mais comida de forma sustentável, hoje em dia prestamos mais atenção às condições de vida (e morte) dos animais. De acordo com o Good Food Institute, o consumo de carne irá duplicar em 2050. Com recurso a alimentos vegetais (soja, ervilha ou grão-de-bico), carne cultivada (células animais crescidas num fermentador), e fermentação (crescimento de bactérias e leveduras selecionadas), será possível diminuir os riscos ambientais e riscos de saúde pública associados com o aumento do consumo de carne. Assim sendo, já é possível encontrar hamburgueres de cogumelos (fungos) ou bolonhesa de soja (vegetal), que têm sabores e texturas muito aproximadas aos respetivos produtos feitos com carne. Estes sabores poderão ser produzidos naturalmente, por exemplo, por leveduras crescidas num fermentador. Para o público mais conservador, isto será um atentado ao modo de produção tradicional de alimentos e aos sabores da sua infância. Para os vanguardistas, novos modos de produção de comida são uma necessidade para a adaptação do ser humano a um mundo sobrepopulado.


A Europa precisa de reafirmar a sua posição na vanguarda da investigação científica e inovação, para fazer frente a grandes potências como os Estados Unidos da América, China e Singapura na utilização de biotecnologia para alimentação e biomateriais. Criar pontes entre a Academia e a Indústria é imprescindível: a Academia precisa de fundos para investigação, e a Indústria precisa destas descobertas para criar produtos de valor.


Juntamente com todos os parceiros que se queiram juntar à causa, a Tetra Pak e a Universidade de Lund querem criar novas tecnologias para continuar a levar alimentos com boa qualidade a todos os cantos do mundo e continuar a proteger o que é bom (alimentos, pessoas, e o mundo).

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